O Bloco “Baiacu de Alguém” surgiu no carnaval de 1992, quando um grupo de amigos resolveu buscar uma solução coletiva e divertida para participar no carnaval de rua de Florianópolis e que não fosse aquela tradicional brincadeira dos blocos de sujos – homens vestidos de mulher, algumas poucas mulheres vestidas de homem e o resto da multidão só assistindo. A solução foi rápida: vamos fazer um bloco de carnaval para se misturar na multidão do desfile dos “blocos” do sábado! Mas qual nome dar ao bloco? Algo que seja da ilha, mas que não seja muito formal e certinho! Carnaval exige um pouco de criatividade e de gozação. Depois de muitas idéias no ar alguém sugeriu o “baiacu”, peixe muito comum na nossas águas e totalmente desprezado, já que não é bom para comer, sendo que todos que o pescam jogam-no fora. Etâ peixe rejeitado! Legal! Mas “baiacu de quem?”, foi a pergunta seguinte. Já que tem o “Bacalhau do Batata” lá em Recife, o “Berbigão do Boca” aqui em Floripa, o nosso Baiacu vai ser de quem? Ora será de qualquer um, de ninguém, enfim, será o “Baiacu de Alguém”!
Criamos uma camiseta, verde limão, o que tornou o Bloco chamativo e visível a distância. E a bateria? Inicialmente, ela se resumia a um cara com um surdo, fazendo a marcação e uns 20 inveterados cantando a plenos pulmões nossa ingênua marchinha de carnaval:

 

Baiacu chegou, Baiacu taí,
Prá alegrar a galera, até cair
Olha o Baiacu, Baiacu de Alguém,
Baiacu de todos, não é de ninguém;
Baiacu chegou, Baiacu taí,
Prá alegrar a galera, até cair
Coça, coça, coça… coça que a barriga vai inchar,
Coça, coça , coça… prá galera arrepiar!

 

Imagine…quando chegamos no centro, depois de nosso animado “esquenta”, o Baiacu foi tragado pela multidão, perdendo-se no meio dos blocos de sujo.
Já no ano seguinte o “Baiacu de Alguém” ganhou novos adeptos… já éramos umas 50 pessoas, tínhamos uma bateria, pequena mas barulhenta e nossa presença no desfile no centro já foi mais marcante. Inclusive, desfilamos e cantamos nosso samba daquele ano na passarela do “Havana”, bar na rua Saldanha Marinho, que na época realizava um excelente carnaval de rua. Mas o mais animado sempre foi o “esquenta”, antes de sair para as ruas, que viravam um verdadeiro baile de carnaval, realizado, nessa época, na casa de amigos na Agronômica.
E assim foi indo, ano a ano o Baiacu foi crescendo, ficando com uma bateria mais potente, agregando aqueles que gostavam de uma forma alternativa de se divertir no carnaval de Floripa. Até 1998 o “Baiacu de Alguém” desfilou, sábado de carnaval, no centro da cidade. No entanto, a violência das ruas de Florianópolis começou a tomar proporções desagradáveis, a brincadeira, antes relaxante, passou a ser mesclada por brigas e preocupações com roubos e assédios sexuais. Dessa forma, resolvemos procurar um carnaval de bairro, mais tranqüilo e tão divertido quanto o centro, para podermos realizar nossa “desopilação” anual.
Com o aumento da violência no carnaval de rua do Centro, o pessoal do bloco transferiu o desfile em 1999 para o bairro de Santo Antônio de Lisboa.
Uma marca distintiva do Baiacu é seu informalismo: nada de burocracias e grandes organizações. Os bonecos e alegorias são confeccionados pelo próprio pessoal do bloco, valendo a criatividade de cada um.