Num distante carnaval, nos tempos em que Bernunças povoavam toda a ilha assustando criancinhas, uma Bernunça, daquelas muito brava, que morava em Sambaqui, foi atraída e seduzida pelo Baiacu do Campeche. A tal Bernunça desse romance aventureiro, engravidou. Mas, ainda que brava, sucumbiu ao temor da forte moralidade da época quanto às mães solteiras. Esperando os três meses para o nascimento do rebento, não voltou a Sambaqui, provocando muito falatório na comunidade. Na tentativa de salvar sua honra e dignidade moral, a desaparecida Bernunça, abandonou sua filha ao léu nas areias do Campeche, e voltou para Sambaqui. Ninguém sabe ao certo quem criou e educou a menina, só se sabe que a bela moça é extremamente doce, e, ao contrário de sua mãe, provoca encanto nas crianças. Meio pai meio mãe, a Baicunça, de lábios carnudos, tem cabeça de Baiacu e corpo de Bernunça.
Em todo carnaval, acompanhada de seu misterioso pai, a solitária Baiacunça, vai à Sambaqui procurar sua querida mãe, que nunca conheceu. No longo e penoso trajeto, atravessa sua querida Santo Antonio, local que mais tarde escolheu para morar, mas nunca conseguiu encontrar a mãe.